quinta-feira



Atrevimento lusidíaco 
  
 São Camões, com mil perdões pelo atrevimento, caso não tenha vos agradado, conversais com a musa 
que está ao vosso sagrado lado, e perdoai-me pelo despeito aqui desfeito, mas não quero sentir-me mais  culpado, e reconheçais, por favor a frustração daquele que não teve a vez de vossa gloriosa lucidez a qual  denota a nota dez muito além desta vez.
  
Juntos e misturados. 
                                                                                                                                                                             
As armas e os barões assinalados. Arrojados e pelo brio consagrados, que da Ocidental praia 
Lusitana ao surgir da brava e gentil raça humana. Por mares nunca dantes navegados com 
caravelas e mar jamais singrado passaram ainda além da TaprobanaSirilanka ou Ceilão 
que se ufanaEm perigos e guerras esforçados, dariam ao Brasil o heroico brado.  Mais 
do que prometia a força humana, entre gente remota edificaram valorosa estrutura quais 
armaram: Novo Reino, que tanto sublimaram; glória a brava gente lusitana também as suas 
memórias gloriosas, eternizando vitórias imperiosas, daqueles Reis que foram dilatando seus velhos corações de muitos anos. A Fé, o Império, e as terras viciosas e teimosas, porém, vigorosas. De África e de Ásia andaram devastando, por isso vos mostreis ecólogo lusitano! E aqueles que por obras valerosas criaram uma lei além de esplendorosa,  se vão da lei da  Morte  libertando, 
assim vida e morte vão se encaminhando, cantando espalharei por toda parte, haja vista minha 
vista fazer parte dessa arte, se a tanto me ajudar o engenho e arte. Louvarei  mais uma  vez com o estandarte. Cessem do sábio Grego e do Troiano. Eis a decadência prevista ano a ano.  As navegações grandes que fizeram; hoje fala alto a arte do bravo povo lusitano. Cale-se de Alexandre e de Trajano pois, fortes, os heróis nos lá esperam com seus feitos de respeito de há anos, a fama das vitórias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano, e da morte já vivida como bom samaritano. A quem Neptuno e Marte obedeceram. E dos demais irmãos  não se esqueceram. Cesse tudo o que a Musa antiga canta, qual belo futuro parnasiano se avança, que outro valor mais alto se alevanta. O amor à pátria amantíssima encanta. E vós, Tágides minhas, pois  criadosurgem Ninfas de além 
Tejo animadas; tendes em mi um novo engenho ardente, meteorito de ilustre luz 
resplandecente. Se sempre em verso humilde celebrado, jamais duma escura 
estrela decadente. Foi de mi vosso rio alegremente, a mitologia vos elogia 
sorridente. Dai-me agora um som alto e sublimado, som ilibado de frente e; não de lado, som alvo
 e transparente. Num estilo grandíloco e coerente, ou se preferir que redunde em grandiloquente, 
sendo recorrente. De sibilar mui transcendente. Por que de vossas águas Febo ordene, resumo 
da inveja a qual Zeus condene. Que não tenham enveja às de Hipocrenessomente o amor 
dentre à guerra venha ser perene. Camões até pode inventar o verbo perenar, conquanto, 
seu amor seja a fonte de Hipocrenes. Onde sempre possa dessa límpida água bebericar. Dai-me hüa fúria grande e sonorosa, e uma vida simplesmente primorosa, e não de agreste avena ou frauta rudanem que o velho amor de arruda me iluda, mas de tuba canora e belicosa, flauteie maviosa, sonora, e indecorosa. Que o peito acende e a cor ao gesto muda; multicolor não implorará à flor de arruda. Dai-me igual canto 
aos feitos da famosa glória indizível da amada musa  formosa. Gente vossa, que a Marte tanto 
ajuda; marcianas,  beladonas, ou  Ana’s mudas;  que se espalhe  e se cante  no Universo, 
som mavioso, dom ativado no reverso. Se tão sublime preço cabe em verso. Grande 
amor 
distribuído ao universo. E vós, ó bem nascida segurança, sois vós a grandíssima aliança. Da Lusitana antiga liberdade, há tempo já passais daquela idade. E não menos certíssima esperança ao decorrer do tempo que se avança. De aumento da pequena Cristandade, transformai-vos em perene caridade.
Vós, ó novo  temor  da  Maura lança, De olhar mouro, linda  criança,  maravilha fatal da 
nossa idade, amor, verdade e sinceridade. Dada ao mundo por Deus, que todo o 
mande, 
porém, 
muito além 
o seu amor se expande. 
  
Pêra do mundo a Deus dar parte grande. 
Pêra,  para,  pára,  pêra,  que  se   dane, 
que  o  todo se desmande  ou  desande. 
São  Camões perdoe  a  brincadeira. 
  
            Vós, tenro e novo  ramo florecenteou velho tronco de amor crescente. De hüa árvore, de Cristo mais amada pelo universo inteiro; idolatrada. Que nenhüa nascida no Ocidente, ao Mestre venha a ser comparada. Cesárea ou Cristianíssima chamada, pois, na estrada da vida há encruzilhadas; vede-o no 
vosso escudo, que presente posto: futuro e passado se ausentem; vos amostra a vitória já passada, nes-
ta mui velhaca e contradizente encruzilhada, na qual vos deu por armas e deixou no calvário, dor  de 
frente e ironizou, as que Ele pera Si na cruz tomou); e as nossas dores de horrores apagou, em amor, 
e pelo amor as transformou. Vós, poderoso Rei, cujo alto Império, Finalmente humildade, terra céu-mitério. O Sol, logo em nacendo, vê primeiro, Vossa sorte-morte, além do batistério.  Vê-o também o 
meio do Hemisfério, Luz do sol é maior do que seu império. E quando dece o deixa derradeiro; Os derradeiros serão os primeiros. Vós, que esperamos jugo e vitupério é melhor ser pobre do que interesseiro. Do torpe Ismaelita cavaleiro, irmão torto de José, Ismael  foi bom guerreiro. 
  
Do Turco Oriental e do Gentio 
Sois do povo varonil, além 
de serdes gentio-gentil. 
  
           Que inda bebe o licor do santo Rio: Brasileiro, sou um filho estrangeiro, que a vossa madre me pariu primeiro. Intrometido, de quem agora falo eu?  

 Será  que  procuro uma rima 
Prometeu prometeu por cima. 
Camões sois irmão mais velho, 
e deste conservo sois o espelho! 
  
Inclinai por um pouco a majestade sem
perder o repeito, tampouco, a  potestade, 
  
Que  nesse  tenro  gesto  vos  contemplo, 
Como se fora de Salomão colosso templo. 

Que já vos mostra qual na inteira idade, há muito tempo já passásseis da puberdade. Subindo ireis ao eterno Templo, contrapondo o contratempo. Os olhos da real benignidade Livrar-vos-á da infame falsidade. Ponde no chão: vereis um novo exemplo após lutardes contra a força desse evento; de 
amor dos pátrios feitos valerososquais tereis sempre no livramento como eternos; velhos 
instrumentos. Em versos divulgado numerosos. Sois poeta de lusitanos formosos. Vereis amor 
da pátria, não movido sem jamais perderes o bom sentido. De prémio vil, mas alto e quase eterno; 
pois, ainda  não  haveis  morrido.  Que não é prémio vil ser conhecido, amor de inverno pelo qual sejais aquecido. Por um pregão do  ninho  meu paterno.  Onde  Deus seja  louvado  e  sempiter. Ouvi: 
vereis o nome engrandecido ao meditardes no senhorio eterno. Daqueles de quem sois senhor supernotereis os céus, pois, já passásseis pelo inferno. 
E julgareis qual é mais excelente, covis dessa terna gente indigente. Se 
ser do mundo Rei, se de tal gente. Dos dois, fazendo-os simples parentes. 
Ouvi: que não vereis com vãs façanhas, hombridade, igualdade em dor 
tamanha. Fantásticas, fingidas, mentirosas dor havida numa vida religiosa, louvar os vossos, como nas estranhas, após, liberardes de ações tacanhas. Musas, de engrandecer-se desejosas: Apesar de ouvirdes coisas elogiosas, as verdadeiras vossas são tamanhas, revestísseis de tamanha artimanha. Que excedem 
as sonhadas, fabulosas, segurança na pujança de vida airosa. Que excedem Rodamonte e o vão Rugeiro
no comando e desmando fosseis o primeiro. E Orlando, inda que fora verdadeiro. Tudo isso tereis como 
rei primeiro, pois, os tereis por travesseirosToda a grei por altaneiro. Por estes vos darei um Nuno fero, 
e o tereis como amigo justiceiro. Que fez ao Rei e ao Reino tal serviço, dispensásseis o mais ínfimo capricho. Um Egas e um Dom Fuas, que de Homero fazem-vos arrepiar o corpo inteiro. 
  
A  cítara  para  eles  só  cobiço; 
a  música tereis como serviço 
Ravi  Shankar  futuro  enguiço. 

Pois polos Doze Pares dar-vos quero. Assim manter-vos-á com vosso elo. 
Os Doze de Inglaterra e o seu Magriço. Por que chamásseis de Magriço tal caniço? 
Dou-vos também aquele ilustre Gama. Coitado; de seu pedestal caiu de cama. 
Que para si de Eneias toma a fama. Já passásseis prá lá de Taprobana. 
  
Glória incomparável da amada Musa. 
São  Camões vossa mão não pára mais 
de confundir  o  meu  coração  com  paz, 
peço  a  vossa  licença para  parar  antes 
que   aqui   jaza  voando  em   suas  asas. 
pois,  depois, continuaremos muito mais 
e  para concluir,  à Musa peço escusas. 
E a Camões: Sua bênção parnasiana. 
  

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